Os Maori são o povo indígena da Nova Zelândia, conhecidos por sua rica cultura e profundo conhecimento de astronomia e navegação estelar. Antes da chegada dos europeus, os Maori utilizavam as estrelas não apenas para orientação, mas também para contar histórias, marcar o tempo e realizar cerimônias religiosas. Neste artigo, exploraremos alguns dos termos Maori relacionados à astronomia e à navegação estelar, oferecendo uma visão fascinante sobre como este povo interpretava o cosmos.
Ko Te Kōkōrangi – A Astronomia Maori
A palavra “kōkōrangi” é usada para descrever a astronomia na língua Maori. A observação das estrelas era uma prática essencial para os Maori, especialmente para a navegação através do vasto Oceano Pacífico. Eles desenvolveram um sistema complexo de conhecimento astronômico que era transmitido oralmente de geração em geração.
Ngā Whetū – As Estrelas
As estrelas, ou “whetū”, eram de extrema importância para os Maori. Cada estrela ou grupo de estrelas tinha um nome e um significado específico. Alguns dos termos mais importantes incluem:
Matariki: Este é o nome Maori para o aglomerado de estrelas das Plêiades. Matariki é particularmente significativo porque marca o início do ano novo Maori, um evento celebrado com festivais e cerimônias.
Tautoru: Conhecido no Ocidente como o cinturão de Órion, Tautoru é um conjunto de três estrelas em linha reta. Nos mitos Maori, estas estrelas representam os irmãos caçadores.
Puanga: Esta é a estrela Rigel, localizada na constelação de Órion. Algumas tribos Maori, especialmente aquelas no sul da Nova Zelândia, celebram o ano novo com base no aparecimento de Puanga em vez de Matariki.
Te Rā e Te Marama – O Sol e a Lua
O sol (Te Rā) e a lua (Te Marama) também desempenham papéis cruciais na astronomia Maori. Eles eram utilizados para criar calendários e determinar o melhor momento para plantar e colher.
Te Rā: O sol era visto como uma deidade importante. Os Maori acreditavam que o sol era conduzido através do céu em uma canoa por um deus chamado Māui, que também é conhecido por ter retardado o sol para permitir mais horas de luz do dia.
Te Marama: A lua também era vital para os calendários Maori. Eles utilizavam um calendário lunar chamado “maramataka”, que consistia em 12 meses lunares. Cada fase da lua tinha um nome e um significado, ajudando a determinar atividades agrícolas e de pesca.
Te Waka o Tamarereti – A Navegação Estelar
Os Maori eram navegadores excepcionais, capazes de atravessar grandes distâncias no Oceano Pacífico utilizando apenas as estrelas para orientação. Eles acreditavam que as estrelas eram ancoradas no céu por deuses e heróis mitológicos.
Waka – A Canoas
A palavra “waka” refere-se às canoas utilizadas pelos Maori para navegar. Estes waka eram habilmente construídos e projetados para longas viagens marítimas. Alguns termos relacionados incluem:
Waka Hourua: Estas eram canoas de casco duplo, projetadas para viagens de longa distância. Elas eram estáveis e rápidas, permitindo que os Maori viajassem entre ilhas e até outros continentes.
Waka Ama: Estas são canoas de casco único com um flutuador lateral para estabilidade. Embora não fossem tão rápidas quanto os waka hourua, eram extremamente ágeis e manobráveis.
Ngā Tohunga – Os Especialistas
Os “tohunga” eram especialistas ou sacerdotes que detinham o conhecimento da navegação estelar. Eles eram altamente respeitados na sociedade Maori e responsáveis por ensinar a próxima geração de navegadores.
Tohunga Kokorangi: Estes eram os especialistas em astronomia. Eles conheciam os padrões das estrelas e como utilizá-las para navegação.
Tohunga Whakaterenga: Estes eram os especialistas em navegação. Eles sabiam como ler os sinais do mar e do céu para guiar os waka através do oceano.
Te Ao Marama – O Mundo da Luz
Para os Maori, o mundo estava dividido em diferentes reinos, sendo “Te Ao Marama” o mundo da luz, onde os humanos vivem. A astronomia e a navegação estelar eram formas de conectar Te Ao Marama aos outros reinos, como o mundo dos deuses e dos ancestrais.
Te Kore e Te Po – O Vazio e a Escuridão
Antes de Te Ao Marama, havia Te Kore (o vazio) e Te Po (a escuridão), estados primordiais do universo. Estas fases cósmicas eram representadas nas histórias e mitos Maori, explicando a criação do mundo e a importância das estrelas.
Te Kore: Este é o estado de vazio absoluto, o não-ser antes da criação. É um conceito filosófico profundo que representa o potencial infinito.
Te Po: Este é o estado de escuridão ou noite, representando a gestação do universo. É de Te Po que emergem os deuses e, eventualmente, Te Ao Marama.
Ngā Atua – Os Deuses
Os deuses Maori, ou “atua”, também estavam intimamente ligados à astronomia e à navegação. Eles eram considerados os guardiões dos conhecimentos celestiais e marítimos.
Ranginui: O deus do céu, Ranginui, é uma figura central na cosmologia Maori. Ele é o pai de muitos outros deuses e suas lágrimas são as estrelas no céu.
Tangaroa: O deus do mar, Tangaroa, é outro importante atua. Ele é o protetor dos navegadores e é frequentemente invocado antes das viagens marítimas.
Te Whakapapa – A Genealogia
A genealogia, ou “whakapapa”, é um elemento vital da cultura Maori. Ela não apenas conecta os indivíduos às suas famílias e tribos, mas também às estrelas e aos deuses. Cada pessoa é vista como parte de uma longa linhagem que remonta aos atua e aos ancestrais estelares.
Whakapapa Whetū: Esta é a genealogia das estrelas. Os Maori acreditavam que as estrelas eram os ancestrais que guiavam e protegiam a humanidade.
Whakapapa Atua: Esta é a genealogia dos deuses, conectando as pessoas aos atua e aos eventos míticos que moldaram o mundo.
Te Reo e Ngā Tikanga – A Língua e as Tradições
A língua Maori, ou “te reo”, e as tradições culturais, ou “ngā tikanga”, são os meios através dos quais o conhecimento astronômico e de navegação foi preservado e transmitido.
Te Reo Maori
A língua Maori é rica em termos que descrevem o céu e os corpos celestes. Aprender estes termos não apenas enriquece o vocabulário, mas também oferece uma compreensão mais profunda da visão de mundo Maori.
Te Reo: A língua é a chave para a cultura. Os Maori acreditam que a linguagem é um presente dos deuses e, portanto, deve ser preservada e respeitada.
Ngā Kupu o Te Kōkōrangi: Estes são os termos da astronomia. Aprender estes termos é essencial para qualquer pessoa interessada na cosmologia Maori.
Ngā Tikanga
As tradições culturais Maori, ou “tikanga”, incluem práticas e rituais que envolvem a observação das estrelas e a navegação.
Hui: Estas são reuniões ou celebrações que frequentemente envolvem a observação de eventos celestiais, como o aparecimento de Matariki.
Karakia: Estas são orações ou cânticos que invocam os deuses e pedem proteção e orientação durante as viagens marítimas.
Conclusão
A astronomia e a navegação estelar são partes integrantes da cultura Maori, refletindo uma conexão profunda e espiritual com o cosmos. Os termos Maori para astronomia e navegação não são apenas palavras, mas portadores de uma rica tradição oral que continua a ser passada de geração em geração. Aprender estes termos é uma maneira de honrar e respeitar o conhecimento ancestral Maori, bem como de enriquecer nossa própria compreensão do universo.
Esperamos que este artigo tenha oferecido uma visão valiosa sobre a astronomia e a navegação estelar Maori, inspirando você a explorar ainda mais esta fascinante cultura.